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Garcia sobre Bolsonaro julgado só pela 1ª turma: “Muito estranho”

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O jornalista Alexandre Garcia avaliou como “muito estranho” que o julgamento da denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em torno do caso do “golpe que não houve” recaia somente sobre a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), composta por somente cinco dos onze ministros, e não do plenário como um todo.

Em texto publicado na coluna Vozes, do jornal Gazeta do Povo, neste domingo (16), Garcia ressalta os argumentos do advogado do ex-chefe do Executivo, Paulo Cunha Boeno, lembrando que a “regra é que presidente e vice sejam julgados no plenário, pelos 11 ministros”.

– Podem dizer que Bolsonaro não é mais presidente. Sim, mas há outra decisão do STF dizendo que aqueles que estiverem respondendo a ações que se originaram durante o mandato vão manter ainda o foro privilegiado no Supremo. Ou seja, não terão a quem recorrer porque já é no último grau, na última instância. Então é preciso que o julgamento seja feito pelos 11 ministros, e não por 5, menos da metade do Supremo. É muito estranho – analisou.

O comunicador ainda destaca que, segundo Bueno, o inquérito da Polícia Federal (PF) sobre a suposta tentativa de golpe repete a palavra “possivelmente” 96 vezes.

– Vejo isso também no jornalismo, e deveria ser proibido. Eu fui professor em duas faculdades de jornalismo, e dizia “não se usa talvez, mais ou menos, possivelmente, deve estar pensando, quase”. O jornalismo tem que ser objetivo e claro. Tem que dar a informação como ela é, e não como o jornalista acha que é. E a polícia também, mais ainda em um inquérito – acrescentou.

O STF definiu para o dia 25 de março a análise da denúncia contra Bolsonaro. A Primeira Turma, presidida pelo ministro Cristiano Zanin, vai avaliar a acusação de que Bolsonaro, junto a outras 33 pessoas, tentou aplicar um golpe de Estado em 2022, com o intuito de impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A decisão foi tomada na última quinta-feira (13), após o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, encaminhar o processo a Zanin e pedir que a análise fosse feita de forma presencial.

CLEZÃO E DILMA ROUSSEFF
Ainda em sua análise, Garcia citou Cleriston Cunha, mais conhecido como Clezão, e comparou sua história com a do roteiro do filme brasileiro ganhador do Oscar, Ainda Estou Aqui. Clezão foi detido por suspeita de participar dos atos do 8 de janeiro e acabou morrendo na prisão devido a problemas de saúde.

– Enquanto isso, em Copacabana, Bolsonaro estava pedindo anistia para todos. Estava lá a viúva do Clezão, que morreu na mesma situação do episódio contado no filme premiado Ainda Estou Aqui. Ele foi preso sem o devido processo legal e morreu nas mãos do Estado. Houve a mesma coisa com o Clezão, exatamente igual.

– Dá para fazer mais um filme agora, sobre o Clezão, com a agravante de que houve pedido de seu advogado por várias vezes para ele ser tratado devidamente, porque estava com risco de morrer. O pedido sequer foi considerado. Há uma responsabilidade muito grande do Estado – observou.

Outra figura mencionada pelo jornalista foi a da ex-presidente Dilma Rousseff, pontuando que graças a anistia que ocorreu no passado após o regime militar, a petista virou presidente.

– Aquela anistia do passado anistiou todo mundo, e foi graças a isso que Dilma Rousseff virou presidente. Fernando Henrique Cardoso também foi presidente, Leonel Brizola foi governador, assim como José Serra, que foi senador e governador. Dizia-se que o Supremo iria revisar a lei da anistia, mas o Supremo não pode. Quem revisa uma lei é o Legislativo – adicionou.

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