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Caixa-preta do avião VoePass traz relato pertubador dos pilotos, aeronave que caiu em Vinhedo (SP) e deixou 62 vítimas fatais
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) divulgou nesta sexta-feira (6), em Brasília, um relatório preliminar sobre o acidente com a aeronave da Voepass, que caiu em Vinhedo (SP) em agosto, matando todas as 62 pessoas a bordo.
De acordo com o documento, a caixa-preta do avião registrou um momento crucial em que os pilotos relataram problemas no sistema de degelo da aeronave.
Esse sistema, conhecido como “de-ice”, é fundamental para remover o gelo acumulado na estrutura do avião durante o voo, especialmente em condições meteorológicas adversas.
As gravações das caixas-pretas, que incluem tanto o Cockpit Voice Recorder (CVR), gravador de voz da cabine, quanto o Flight Data Recorder (FDR), responsável pelos dados de voo, como altitude e velocidade, foram recuperadas com sucesso pelo Cenipa em agosto.
Os pilotos envolvidos tinham treinamento específico para operar em condições de gelo, e a previsão meteorológica indicava a presença de gelo severo no trajeto do voo, mas a aeronave estava apta a voar nessas condições, segundo o relatório.
O acidente ocorreu no dia 9 de agosto, quando o avião Voepass partiu de Cascavel (PR) com destino ao Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.
A aeronave perdeu sustentação e colidiu com o solo às 13h22, pouco antes de seu horário previsto de chegada. Imagens capturadas por moradores de Vinhedo mostraram a aeronave rodopiando em um movimento conhecido como “parafuso chato” antes de atingir um condomínio residencial.
O Cenipa confirmou que a aeronave havia passado por manutenção regular, com a última revisão realizada em junho e um “check diário” no dia do acidente, atestando que estava em condições operacionais adequadas para o voo.
De acordo com o tenente-coronel Paulo Mendes Fróes, investigador-encarregado do Cenipa, tanto o piloto quanto o copiloto mencionaram a presença de gelo por duas vezes durante o voo, que teve duração de pouco mais de uma hora. Dois minutos antes do acidente, o copiloto relatou a presença de “bastante gelo” na aeronave.
Conforme as informações de Fróes, a tripulação ativou o sistema airframe de-icing logo após o relato do copiloto. Esse sistema é responsável por remover o gelo acumulado nas superfícies da aeronave, como asas e fuselagem, e é fundamental para garantir a segurança em condições meteorológicas adversas. Apesar da ativação, o gelo continuou sendo um problema, e a aeronave acabou colidindo com o solo.
O Cenipa também confirmou que o detector de gelo da aeronave emitiu um alerta durante o voo, indicando que a tripulação estava ciente da situação e tomando as medidas necessárias para tentar resolver o problema.
Contudo, o acúmulo de gelo severo parece ter comprometido a sustentação da aeronave, levando à tragédia que resultou na morte de 62 pessoas. A investigação continua, mas o relatório preliminar destaca a complexidade das condições climáticas e a falha no sistema de degelo como possíveis fatores que contribuíram para a tragédia.